8 de jan. de 2014

Guarda Mirim forma mais uma turma em Nova Soure e põe ponto final em sua história


     O último sábado (04/01) foi um dia atípico em Nova Soure (município que fica distante a 230 km de Salvador). Duas razões levaram o povo novasoriense a cantar e chorar ao mesmo tempo. A alegria ficou por conta de que mais uma turma da Guarda Mirim da cidade estava concluindo mais um ciclo de formação para convivência cidadã. A tristeza é porque nesse mesmo dia foi colocado um ponto final da história desse projeto social por falta de voluntários.
     Durante a solenidade de formatura, a emoção tomou conta da maioria do público presente. “Nunca vou esquecer as experiências que vivenciamos na convivência com estes meninos e meninas e com suas famílias. Impossível não chorar diante de tanta transformação. As lágrimas de gratidão foram inevitáveis”, disse Rastelly. 
    A Guarda Mirim é um projeto que nasceu no município em 1996, mas não obteve sucesso e as atividades foram interrompidas durante 13 anos. Mas em 2009 a história começa a ser rescrita de uma forma diferenciada pelo sargento Wilton Rastelly. Preocupado com a situação de vulnerabilidade social das crianças e adolescentes do município, Rastelly resolveu desenvolver um projeto humanitário que estimulasse a prática da cidadania, os bons costumes, educação e desenvolvesse o talento escondido no interior de cada criança.
As crianças e adolescentes beneficiadas pelo projeto têm aulas de Informática, Música, Dança; Capoeira, Karatê, ética, cidadania, boas maneiras e relações interpessoais. Por conta do envolvimento nestes projetos a realidade de vida de muitos meninos e meninas foi radicalmente transformada. “Esse é o nosso maior prêmio, poder contribuir com a inserção social desses seres humanos que têm um futuro promissor pela frente. Através da Guarda Mirim, as famílias conseguiram obter mais qualidade de vida porque as crianças adquiriram uma nova formação social e isto reflete positivamente dentro de casa”, afirmou Rastelly.
    Apesar do poder transformador do projeto e do reconhecimento da sociedade e da Secretaria de Segurança Pública do Estado que, em 2011, outorgou o prêmio Servidor Cidadão ao sargento Rastelly por conta da sua atuação à frente da Guarda Mirim, ele diz  que não dá mais para continuar realizando o sonho de construir um mundo melhor, mais humanizado e mais feliz sem mão de obra. “Tínhamos muitos projetos entre eles posso citar aulas de informática, karatê, capoeira, teatro, dança, noções de ética e cidadania, mas tudo era eu sozinho e aí onde complica porque sozinho a gente não avança. É muita criança. É muita área pra se trabalhar. Eu precisaria de uma equipe multidisciplinar para dar continuidade a esses projetos”, lamentou.

    Apesar da Guarda Mirim ter chegado ao fim, Rastelly assegura que cumpriu sua missão social e cidadã no município ao oportunizar a formação e o resgate social de 192 crianças nos últimos quatro anos, período em que o sargento esteve à frente da Guarda Mirim. “Eu me doei por inteiro na realização desse projeto. Não poderia ver essas crianças sofrendo, passando fome e sendo ameaçada pelas drogas e não fazer nada. Precisava me envolver de alguma forma e junto à comunidade realizamos o sonho de centenas de família em Nova Soure através da Guarda Mirim”, disse o coordenador enquanto as lágrimas rolavam em seu rosto.

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