29 de dez. de 2014

Governo baiano privatiza rede de supermercados Cesta do Povo

O compositor Raimundo Nonato da Cruz, o Chocolate da Bahia, já fez milhares de jingles. Mas nenhum deles marcou tanto a sua carreira quanto o feito para a rede pública de supermercados da Bahia: Cesta do Povo.

Versos simples, melodia grudenta e uma longa permanência da propaganda no ar(" Viva a Cesta do Povo, Viva!") forjaram uma marca poderosa - principal ativo de uma empresa deficitária e que está em vias de sair das mãos do governo baiano.

Única rede pública de supermercados do país, a Cesta do Povo será privatizada por decisão do governador Rui costa (PT).

" a Cesta do Povo não é capaz de concorrer com as redes privadas de supermercado. As grandes do setor tem agilidade na hora de negociar e definir preços, muito diferente de uma empresa pública", justifica Costa.

Gerida pela Empresa Baiana de Alimentos, a Cesta do Povo é a segunda maior rede de supermercados da Bahia ( a primeira é o Atakarejo) mas sobrevive de subsídios.

Em 2014, o governo da Bahia repassou R$ 15 milhões do Tesouro Estadual para sustentar a rede de supermercados. Em anos anteriores, esse valor já atingiu a marca de R$ 60 milhões por ano.

Para cessar os repasses o governo da Bahia vai alienar o controle acionário da rede de supermercados. A modelagem ainda está sendo estudada - não há definição se a venda será total ou parcial.

De acordo com o governador eleito, a empresa que adquirir a rede deverá manter abertas, por um período predeterminado, as atuais 285 unidades espalhadas por 236 dos 417 municípios baianos.

O governo aposta na marca Cesta do povo para viabilizar o negócio. E também aponta como valioso ativo o sistema de cartões Credicesta, que garante crédito para compras na rede a funcionários públicos em sistema de consignação.

A Cesta do Povo foi criada em 1979 para regular os preços dos alimentos básicos frente à escalada da inflação , que, naquele ano, foi de 67%.

Nos bastidores, contudo,a criação da rede é creditada a desavenças entre o então governador Antônio Carlos Magalhães (1927- 2007) e o empresário Mamede Paes Mendonça, dono da principal rede de supermercados da Bahia na época.

A partir da estabilização com o Plano Real, de 1994, o papel de regulação ficou em segundo plano. Hoje , nem sempre os produtos da Cesta do Povo são mais em conta que nos concorrentes.

Estudo contratado pelo governo mostrou que apenas 20% das lojas são rentáveis.

" Será difícil a iniciativa privada tornar o negócio lucrativo mantendo todas as unidades" avalia Teobaldo Costa, presidente da Associação Baiana de Supermercados.

O novo governador Rui Costa, contudo, não vê futuro na Cesta do Povo sem a participação privada: "No contexto atual, não há sentido em tirar dinheiro da saúde e da educação para sustentar um supermercado.
Fonte; Folha de São Paulo/ por João Pedro Pitombo

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