6 de fev. de 2015

Ribeira do Pombal: Família espera há dois meses liberação do corpo de lavrador

A família do lavrador José Miranda Costa, de 58 anos, vive um pesadelo há pouco mais de dois meses. Morador da zona rural de Ribeira do Pombal (a 297 km de Salvador), ele foi encontrado morto no dia 2 de dezembro do ano passado, mas os familiares não conseguem enterrar o corpo, pois ainda aguardam pelo resultado do exame de DNA.
O corpo está no Departamento de Polícia Técnica (DPT) de Euclides da Cunha, à espera da liberação. A família reclama que a causa da morte não foi divulgada até o momento.
"Toda semana entramos em contato com o IML de Salvador e ele só nos responde que está em andamento e até agora nada. Minha mãe tem 83 anos e não está se alimentando nem dormindo direito. Nem sair de casa ela quer. Queremos uma solução", informou Manoel Miranda Costa, irmão da vitima.
O lavrador, que morava sozinho na Fazenda Salgadinho, foi visto pela última vez na manhã do dia 27 de novembro, quando vizinhos o encontraram capinando a sua propriedade. Ele sofria de epilepsia e fazia uso de remédios controlados, segundo os familiares.
"Desde criança ele é doente. Morava sozinho e não deixava ninguém ir na casa dele. Costumava vir na casa de minha mãe toda sexta e, no dia 28, não o fez. No dia, ela ficou bastante preocupada e pediu que meu outro irmão fosse até a casa dele. Depois de muito procurar, ele o encontrou", contou Raimunda Miranda, outra irmã.
O corpo foi encontrado preso em uma cerca de arame farpado e em decomposição. Ao tentar pegar no cadáver, um dos irmãos levou um choque, o que leva a família a acreditar que ele tenha morrido eletrocutado. "Ele costumava eletrificar as cercas para os animais não passarem. Acredito que, ao tentar passar, levou o choque, não teve como sair e acabou morrendo sem ajuda", disse a irmã.
O corpo foi encaminhado para o DPT de Euclides da Cunha e, mesmo com o reconhecimento feito pelos familiares e o corpo estar dentro da propriedade da vítima, ele não foi liberado, sendo solicitado em seguida o exame de DNA.
"Foi coletado material meu e de minha mãe e encaminhado para Salvador, mas até agora nada. Nem a causa da morte eles liberaram para a gente. Não podemos enterrar o que sobrou de meu irmão porque eles não liberam. Ele é um ser humano e deve ter um enterro digno", frisou Manoel Miranda.
"Quero saber onde está o meu filho. Quero poder enterrar e levar flores no túmulo dele", desabafou, em lágrimas, a mãe do lavrador, Maria Nair Miranda.
O delegado Equiber Alves, titular da delegacia local, informou que as investigações estão paradas, aguardando a liberação dos laudos do exame de DNA e necropsia. "Não sabemos o que houve, se foi um acidente doméstico ou uma morte violenta. Somente com o laudo que saberemos o que houve para podermos instaurar ou não o inquérito", destacou.

Através da assessoria de comunicação, o Departamento de Polícia Técnica em Salvador informou que o material colhido dos familiares e do suposto José Miranda Costa para execução do exame de DNA chegou ao órgão após o dia 15 de janeiro. O mesmo está sendo analisado para que se possa processar o exame.

Em virtude do estado avançado de decomposição do corpo, não foi possível a identificação pelas impressões digitais, e a ausência de um prontuário odontológico da vítima inviabilizou a identificação pela arcada dentária. Por esta razão, apenas o exame de DNA, que por sua complexidade exige um maior prazo, vai poder atestar a identidade do corpo. O órgão não forneceu uma data para que o exame seja liberado. Por Alean Rodrigues | Sucursal Feira de Santana, Jornal A Tarde.

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